domingo, 13 de agosto de 2006
Paul Celan (Austríaco ou Romeno?!)
A POESIA DO EXÍLIO
UM JUDEU, nascido na Romênia, que escreveu em alemão e viveu na França. Vítima da Segunda Guerra Mundial, sobrevivente dos campos de concentração, suicida antes dos cinqüenta anos. Paul Celan foi um poeta do exílio, um forasteiro mesmo para a língua de seus próprios poemas, e se sua vida foi exemplar em sua dor, um paradigma da destruição e da confusão na Europa em meados deste século, sua poesia é desafiadoramente idiossincrática, sempre e absolutamente sua. Na Alemanha, é considerado equivalentemente a Rilke e a Trakl, o herdeiro do lirismo metafísico de Hölderlin, e em outros lugares sua obra goza de uma estima semelhante, provocando afirmações como o recente comentário de George Steiner de que Celan é “quase certamente o maior poeta europeu do período pós-1945”. Ao mesmo tempo, Celan é um poeta terrivelmente difícil, tanto denso como obscuro. Ele exige tanto do leitor e, em suas últimas obras, suas elocuções são tão aforísticas, que é quase impossível apreender todo seu sentido mesmo após várias leituras. Furiosamente inteligente, impelido por uma força lingüística estonteante, os poemas de Celan parecem explodir na página, e conhecê-los pela primeira vez é um evento memorável.
(Paul Auster, fragmento de ensaio)
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JÁ NÃO É MAIS
este
peso às vezes
carregado contigo
até a hora. É
outro.
É a carga que detém o vazio,
vazio que con-
tigo iria.
Não tem, como tu, um nome. Talvez
sejam a mesma coisa. Talvez
um dia também me chames
assim.
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IR-AO-FUNDO,
a palavra que lemos.
Os anos, as palavras desde então.
Somos sempre os mesmos.
Sabes, o espaço é infinito,
sabes, não precisas, voar,
sabes, o que se escreveu em teu olho
aprofunda-nos o fundo.
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QUANDO ME ABANDONEI EM TI,
eras pensamento,
algo
murmura entre nós dois:
do mundo a primeira
das últimas
asas,
em mim cresce
a pele sobre
tempestuosa
boca,
tu
não chegas
até
ti.
(Paul Celan, traduções de Claudia Cavalcanti)
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