domingo, 12 de novembro de 2006

Ambiente Poético IV



BARCOS ANCORADOS

(no momento da visão de um quadro)

Ó flecha marinha que no murmúrio se assenta!
É qual um arco distendido, adormecido sobre uma voz
onírica, clamante, embebida de sutil lume se ornamenta!...
É como um festejo de cores que o esgrimista pule
com um marejo nos olhos, faróis intensos e silentes
que vem despejar espelhos calmos e límpidos
em nossas dores, adeja à sala estreita em brancor
de nossa fronte, esta sabedoria inflamada, contente,
este fluxo latejante purpúreo e soberano e ah!
Gloriosas e voluptuosas crinas ondeantes!...


(Anderson Dantas, do livro O Amor Duplo e o Desespero das Águas)

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