sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
Aleksandr Púchkin (Caderno Russo II)
INVOCAÇÃO
Ah! se é que, quando a repousar
À noite se acham os viventes.
E escorrem raios de luar
Nos túmulos dos mortos entes,
Ah! se é que, então, de fato, ali
Se esgota cada sepultura,
Minha voz Leila ora conjura:
A mim, amada, estou aqui!
Surge, visão do meu amor,
Como eras antes da partida:
Dia hibernal, frio e palor,
Mudada pela última lida.
Vem como estrela, imploro a ti,
Ou sopro, ou som mal perceptível,
Ou como aparição terrível,
Tanto me faz: estou aqui!
Invoco-te, mas não por ver
Vituperar quem, desumano,
Causou a amada me morrer,
Ou por alçar da morte o arcano,
Ou por que, alguma vez, senti
Dúvida ... mas, saudoso estando,
Digo que estou te amando,
Que sou teu todo: estou aqui!
1830
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