domingo, 16 de novembro de 2014
NOITE com LEONOR SCLIAR-CABRAL
NOITE
Plena de enigmas, noite de presságios.
Insone abri a porta do jardim:
nas moitas os duendes que se amavam
emudeceram.
Um aroma de pólen, cio e néctar
impregna a mucilagem sob a grama
que as mãos vazias, ávidas maceram
até o cansaço.
Estremece ao luar a goiabeira
os frutos caem podres pelo chão,
mole-molência rubra sob os pés
a esmagá-los.
E o corpo rola exangue pela grama
no declive de pedras e de folhas,
mistura de húmus orvalhado e sangue,
só de prazer.
(Leonor Scliar-Cabral, in De Senectute EROTICA
Imagem: foto de Anderson com Leonor, na noite de lançamento do Suplemento Especial de Poesia Ô Catarina em 14 Novembro 2014)
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
LANÇAMENTO ESPECIAL de POESIA SUPLEMENTO CULTURAL Ô CATARINA!
Convido a todos para o Lançamento Especial de Poesia do Suplemento Cultural Ô
Catarina!
Os melhores poetas de Santa Catarina estarão presentes!!
Abraços!!
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
A SOMBRA do LEOPARDO
grécia
UM JOGO de centauros.
Inflama
o trigo da pele;
grita teu olho,
dos pés à cabeça;
teu olho é pele,
teu olho é sol
de sêmen, desfaz
o rosto na água,
acasala tuas éguas.
Depois, lacera-te,
lapida tua boca,
bebe tua urina.
Arde a terra,
arde a carne.
Então, cada bílis
e fleuma; despido
como um deus,
abraça a deusa
do silente mistério.
Cláudio Daniel in A Sombra do Leopardo
quinta-feira, 24 de julho de 2014
DAS MULHERES
noiva
despida
inteira
em luto e gozo
de espadas
que se
entrecruzam.
tardias
são as tardes
metades -
laranjas
numa cor de
lamentos.
Não soubemos
em quais águas
revoltosas
foram-se
para as
agonias
dos outonos.
Fingimos
que descem
essas escadarias
vestindo o
branco
dos lírios
pássaros
mortos
em dentes de
abandono.
mãe
geme baixo
em sua
Torre de
sombras
geme alto
em seu
Carrossel de
ossos
carne
de sua carne
nutre
com leite &
sangue
esta fome
com face
de espanto
esgar de chumbo
e silêncio.
ganindo
despedaçada de
abismos
em seus
espelhos
dulçorosos.
E, por fim
E,
por fim
já tão tarde
e escuro
já-sem-nome
ruge e chora
onde não há
mais
espaço
nem Tempo.
Juraram
os animais
encurralados
que foram
suaves
as mãos
na lisura
de uns céus
marchetados
pela glória
de um
deus-louco.
Nada, diziam.
- Mais nada!
E, por fim
um outro cais
esquecido.
(Anderson Dantas, Ilha, 16/05/2014
Foto: auto-retrato)
quinta-feira, 17 de julho de 2014
DYLAN THOMAS E TUDO E TODOS
TODOS TODOS E TODOS
I
Todos todos e todos os mundos áridos de levantam,
A idade do gelo, o oceano sólido,
Todos surgem do óleo e das crostas da lava.
O burgo da primavera, essa flor sob domínio,
Gira na Terra que faz girar as cidades de cinza
Em torno de uma roda de fogo.
E agora minha carne, minha companheira nua,
Teta do mar, o amanhã cheio de glândulas,
Verme no escalpo, cercado e sem cultivo,
Todos todos e todos, o amante do defunto,
Macilento como o pecado, a medula espumante.
Todos vindos da carne, os mundos áridos se levantam.
II
Não temas o mundo em movimento, ó mortal,
Não temas o sangue insípido e sintético,
Nem o coração no metal crivado de nervuras.
Não temas as pegadas, a moagem das sementes,
O gatilho e a foice, a lâmina nupcial,
Nem o sílex na martelada dos amantes.
Homem da minha carne, a mandíbula fendida,
Conhece agora os grilhões e o vício da carne,
E a gaiola do corvo de olhos falciformes.
Conhece, ó meu osso, a nodosa ascensão,
Não temas as hélices que fazem circular a voz
E a face para o amante rejeitado.
III
Todos todos e todos os mundos áridos se acasalam,
Cada espectro com seu espectro, o homem se contagia
Em contato com o ventre do seu povo amorfo.
Todas essas formas de placenta e do aleitamento,
Que são golpes da carne mecânica contra a minha,
Tornam quadrado nesses mundos o círculo mortal.
Faz florir, faz florir a fusão das pessoas,
Ó luz do zênite, o botão geminado,
E a flama na visão da carne.
Além do mar, o ímpeto do óleo,
A órbita e a tumba, o sangue de bronze,
Faz florir, faz florir tudo tudo e tudo.
(Dylan Thomas, Dezoito Poemas, tradução de Ivan Junqueira)
quinta-feira, 22 de maio de 2014
domingo, 16 de fevereiro de 2014
SEGUNDO DELIRIUM TREMENS
SEGUNDO DELIRIUM TREMENS
Fui espadachim, algo de podre e belo,
porque rompi-lhe o ovário com cutelo,
rompendo-me a mim com mãos claudicantes.
Fui espadachim de andaimes verdejantes,
cortando o feto de rainhas virgens,
de putas nobres e bufas vertigens.
Meu pai sagrou-me, minha mãe pariu-me:
quem me teve não mais me vê: viu-me
o dia da noite, o estrondo do raio,
onde soluço e em cântaros desmaio.
Consinto em ser o império da amargura,
a lepra santa de igual criatura
postada sobre mim, no meu assédio.
Sou eu mesmo o estrume canto, o meu remédio.
Mate-me logo, o delirium tremens
de todo álcool, de todos os sêmens.
(Nauro Machado, Os Órgãos Apocalípticos, 1976)
domingo, 13 de outubro de 2013
AINDA CAI A CHUVA
AINDA CAI A CHUVA
(Bombardeio aéreo, 1940. Noite e alvorecer)
Ainda cai a chuva
Sombria como o mundo do homem, negra como a
[nossa perdição ...
Cega como os 194 pregos
Batidos na Cruz.
Ainda cai a chuva
Com som igual ao do coração transformado
na batida do martelo
Fora do Campo Santo e os ímpios passaram ouvidos
No Túmulo:
Ainda cai a chuva
No Campo de Sangue onde as pequenas esperanças
se multiplicam e o cérebro humano
Alimenta sua ambição de verme com a cara de Caim.
Ainda cai a chuva
Aos pés do Homem Agonizante pendurado na Cruz.
Cristo cada dia, cada noite, pregado lá, tem
[misericórdia de nós
De Dives e de Lázaro:
Debaixo de chuva a ferida e o ouro são um só.
Ainda cai a huva
Escorre o sangue do lado alanceado do Homem
[Desfalecido:
Ele carrega em Seu Coração todas as feridas - aquelas
[da luz extinta
A última faísca esmaecida
No próprio assassinado coração, as feridas da triste e
[inacessível escuridão.
Nas feridas do urso acossado, - o cego e gemente urso
açoitado pelos guardas na sua desamparada carne
As lágrimas da lebre perseguida.
Ainda cai a chuva
Por isto saltarei para Deus
Que me abate -
Olha, olha como o sangue de Cristo jorra no
[firmamento:
Flui do semblante profundo que pregamos na árvore
Até o sedento coração morrer aprisionando os fogos
[do mundo
Escura mancha com aflição
Como a coroa laurel de Cesar
Então a voz de alguém soa semelhante
À do coração do homem que foi outrora
Uma criança no convívio dos brutos
Ainda amo, ainda verto minha inocente luz
E meu sangue para ti.
(Edith Sitwell, tradução de C. Ronald)
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Poesias Nunca: CAIO FERNANDO ABREU
CURTUME
Nenhum poema libertário
libera a tarde do gigantesco inútil
derramado em copos de cinza
sobre as paredes sujas.
Nenhum poema inflamado
desinflamaria o pus da paisagem mutilada
pelas chaminés vomitando fuligem
sem parar.
Nenhum poema possível
possibilita a transmutação do nada
curvado sobre cada uma das máquinas
em toques secos.
Nenhum poema pirado
pararia a voragem estúpida
gerando monstros coloridos
em papel couché.
Nenhum poema solto
soltaria outra vez as pandorgas perdidas.
Preso na gaveta, solto no vento: nenhum poema.
Nem mesmo este.
Caio Fernando Abreu, Poesias Nunca Publicadas
quinta-feira, 13 de junho de 2013
A Repetição do Silêncio: PAUL AUSTER
NOITES BRANCAS
Ninguém aqui,
e o corpo diz: tudo que se diga
não se deve dizer. Mas ninguém
também é corpo, e o que diz o corpo
também escuta
além de ti.
Neve e noite. A iteração
de um assassinato
entre as árvores. A pena
corre pela terra: não sabe mais
o que há de ser, e a mão que a sustém
sumiu.
Mesmo assim, escreve.
Escreve: no começo,
entre as árvores, um corpo vem andando
da noite. Escreve:
o branco do corpo
é da cor da terra. É a terra,
e a terra escreve: tudo
é da cor do silêncio.
Não estou mais aqui. Jamais disse
o que dizes
que disse. E, no entanto, o corpo é um lugar
onde nada morre. E a noite toda
dentre o silêncio das árvores, tu sabes
que minha voz
vem andando para ti.
(Paul Auster, 1971-1975, tradução Caetano W. Galindo)
sexta-feira, 15 de março de 2013
O AMOR DUPLO E O DESESPERO DAS ÁGUAS
LUNAR
Teu olho de lua
raiado de sombras.
Tua nádega branca
aureolada de lírios.
Teu beijo frio
pupila de neve.
Tua fala de harpa
mistério órfico.
Teu luzeiro verde
caracol de esmeralda.
Tua alma pesada
afugentada de estanho.
__________________________________
TRIÂNGULO
Vem. e me acompanha pela torva janela
como
um rastro sibilante e tépida correntude
carnosos
lábios que exsudam perfeita simetria
Como
as distâncias e as tatuagens ardentes de carne
que
peleiam aportam cais tremescurecidos de dentro
e
encontro ângulo ferido de si pela manhã cinzazul
Tristes
moendas que o chão varre horas afora
silencio
meus olhos na adaga do número e no gozo
das
chuvas bebem-se as joias da embriaguez
Tudo
tamanho de tato. Tateio a teia, a tirana
tigresa
que
sobe. As colinas da pele o caminho de sangue
nas
unhas as encostas da alma uma tessitura de anjos
Movem-se
as asas das águas. Elas ferem o ângulo
que ri
amor
marejado de temporais antes naufrágio
todo de mim
pelos
campônios amarelecidos em que barro e palha morrem o canto
Tive
tanto medo.
tanto.
_____________________________________
IBIZA
Três vezes açambarcante
ao ruído negro
do meu centro.
do peito
da cabeça
do sexo.
com um xale escondida
as feições antigas
as farpas embaraçadas.
três vezes revivestes
no silêncio todo
de meu sangue e rumor.
enterrada a carne no rio
a boca todos os buracos
sangrantes que fugi.
estupro molhante onda
música encarnada vasculhante
de mim
de ti das vagas frias
ferrugem a miséria da casa
as tábuas frouxas do sorriso
a tristeza do veneno na boca do pai.
viestes de novo a viver, fúlgida
água, rugas descidas das Dunas
e a mover meu tempo de menino e peixe.
________________________________________
ESTRIDOR
Vencido. Em volteios, vivo
e ao centro sempre
disposto
dos velames em ventos
vertido.
Pulsante. Eu-próprio, morto
nos flancos
disperso, ignaro
dos sexos em lençóis
amantíssimo.
Vertigem. Vasculhamos portos
encontramos moscas,
mansardas
moles mamas, mitigando
fósforos.
Obus. Homem, registro tardio
das palavras e do régio
tanque
fogo, guerra e arte
rubra do dorso.
Descanso. Fera alma arremessada
de dentro, este túnel que nunca
cavamos, este lábio que
nunca mel
E nas mãos mádidas maciez imersa,
vê o mal. Madrepérola.
Nácar.
toca-me o centro, a
friez da fronte.
Sentes. Em meio às coxas pendentes
frescos mexilhões, a idade do Tempo
em que jorra um céu puro
e deleitoso
A concha retida, o vôo da fênix o mar
as gaivotas
vulcanizadas, a flama do ar
no centro do Ser, flores,
onde serpeia o gozo.
_________________________________
SOLAR
Teu olho de sol
lançado
de luzes.
Teu
ventre dourado
alcantilado
de peixes.
Tua
língua quente
ardência
da lava.
Tua
música auriterra
revelação
do Zoroastro.
Teu
Templo de chamas
asas
marteladas do céu.
Tua
alma leve
alquimia
dos anjos.
(Anderson Dantas, do
livro inédito O Amor duplo e o Desespero das Águas
Imagem: do filme Bela
Donna de Fábio Barreto)
terça-feira, 5 de março de 2013
ANJO
ANJO
(2ª. versão)
As esculturas perderam-se na
superfície da pele e das águas que não mergulharam com suas ágeis graças.
Revisitado de cinzas que o fogo nem ardeu, pois a ausência é a verdade daqueles
sinceros espíritos cinzelados de puro desejo.
No teatro daquelas tristezas e antigas
alegrias o vento foi o branco algodão das têmporas que avançavam exauridas, ou
a falta da cabeleira que o orgulho consumiu na juventude abrasadora.
Permaneço de pé, no abismo de meu
fundo negror, tal como um grande pássaro que ostenta asas soporíferas e uma
umidade de sangue na ponta dos lábios ou bico a estraçalhar a presa, a suposta
amada que languescente desaba do degrau de seu desprezo alaranjado.
Sem cor! Retrato da dor às minhas mãos
amaldiçoado, sem seu corpo ou maciez, sem nudez às escarpas lançado para morrer
sem flautas, sem música, no vermelho do choro e na mandíbula da incerteza. Foi
quando aturdido o atirador de facas me convidou para no circo rolar sobre as feridas, a passear no
luar das geladas angústias e do poema rasgado na véspera dos dissabores.
E eu não pus nenhuma máscara e eu ria
sobre meu próprio túmulo que apodrecia dentro de mim. E na hora que Satã soprou
seu vômito negro, eu estava de saída para encontrar Aurora e ela me puxou para
si, com uma ânsia aterradora, e me beijou as axilas e cheirou minha alma de
sete facas e eu vi-me ao longo do oceano, só, com um peixe cru recitando versos
de um Teatro Perdido, e ele me jogou uma rosa de espuma e um riso de sal; daí
já era tarde para encontrar Pandora e então mais uma vez eu morri. Raiado de
espinhos eu subi. Ao monte. E nunca
acordado despi lentamente a bainha de meu jorro. Foi quando pela lateral da
galeria meu olho ficou a ver navios por cima dos marinheiros. Parti no dia
seguinte e nunca mais a vi, eu ainda lembro da primeira vez que ela confiou na
minha força; mesmo forte é meu desespero e minha travessia que desarruma pelos
vastos campos o diário dos homens, dos bois e das aves amigas.
Em verdade, somos um Teatro que falta
zarpar junto com a fome dos tubarões e livres para o vôo dos albatrozes. Lá de cima eu fui. Lá embaixo no inferno que suporto. Lá discípulo de sempre. Anjo.
(Anderson
Dantas – prosa do livro inédito Cavalos do Inferno
Foto:
do filme La Fille Sur Le Pont, 1999)
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
ALMA BEAT: Kenneth Rexroth
AS VANTAGENS DA INSTRUÇÃO
Sou um homem sem ambições,
de poucos amigos, totalmente incapaz
de ganhar minha vida ou ficar mais moço,
fugindo de uma sentença justa qualquer.
Solitário, mal vestido, que importa?
À meia-noite eu faço para mim uma jarra
de vinho branco quente com sementes de cardamomo,
com a boina velha e um roupão cinza rasgado,
sento no frio escrevendo poesias,
rabiscando nas margens nus angustiados,
copulando com as gatinhas
ninfomaníacas da minha imaginação.
(tradução de Leonardo Fróes, 2003)
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
EU NÃO DISSE A TODOS
EU NÃO DISSE A TODOS
(esboços para um livro futuro)
EU NÃO DISSE A TODOS
vida da minha vida
minha filha nasceu no mar
Minha filha nasceu no mar
Uma parte de mim
ficou naquela
suspensão de vidro
Naquelas carnes tenras e sofridas
(um arroxeado de agulhas)
naqueles sonos envenenados
naqueles bebês mortos.
Uma parte de mim
é renúncia quase
guardada para o agora
E a outra
para como um cão
guardião de pêlos
e patas e dentes
(guardar para sempre
a alma-casa)
Meus olhos atentos
nos teus olhos atentos
nos pequenos lábios rosados
- e como preconiza a mãe –
olhar vívido, olhos de jabuticaba
EU não disse a todos
minha filha nasceu no mar.
Eu renuncio a morte
até ontem.
(Ilha de SC, 21/11/2012 ).
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
HISPANISMOS: Cesar Vallejo
ESPERGÊNESE
Eu nasci um dia
em que Deus estava enfermo.
Todos sabem que vivo,
que sou mau: e não sabem
do dezembro desse janeiro.
Pois eu nasci um dia
em que Deus estava enfermo.
Existe um vazio
em meu ar metafísico
que ninguém pode tocar:
o claustro de um silêncio
que fala à flor de fogo.
Eu nasci um dia
em que Deus estava enfermo.
Irmão, escuta, escuta ...
Bem. E que eu não parta
sem levar dezembros,
sem deixar janeiros.
Pois eu nasci um dia
em que Deus estava enfermo.
Todos sabem que vivo,
que mastigo ... E não sabem
porque em meu verso gritam,
escuro ranço de féretro,
ventos esfregados,
desenroscados da Esfinge
indagadora do Deserto.
Todos sabem ... e não sabem
que a Luz é tísica
e a Sombra obesa ...
E não sabem que o Mistério sintetiza ...
que ele é o corcunda
musical e triste que à distância denuncia
a passagem meridiana dos limites aos Limites.
Eu nasci num dia
em que Deus estava enfermo,
enfermo grave.
(Tradução e notas: Thiago de Mello, 1984
Espergênese: antigo termo legal que significa a aprovação de uma condenação)
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Galeria Tátil II (Olhos da Alma)
(Galeria Tátil (Olhos da Alma) - CIC - MASC, Florianópolis, SC
Org. Juliana Hoffmann
Foto: Anderson Dantas)
Galeria Tátil (Olhos da Alma)
(Galeria Tátil (Olhos da Alma) - CIC - MASC, Florianópolis, SC
Org. Juliana Hoffmann
Foto: Anderson Dantas)
Galeria C. Ronald II
(Pã e o Jovem Poeta, em Exposição Pinturas e Esculturas C. Ronald - CIC - MASC,
Florianópolis, SC
Foto: Anderson Dantas)
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Galeria C. Ronald
(Amor, em Exposição Pinturas e Esculturas C. Ronald - CIC - MASC,
Florianópolis, SC
Foto: Anderson Dantas)
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
ORATÓRIO
Oratório
2ª. versão
Dieu des impuissants, Dieu des innocents
Dieu qui n´a plus d´occupation
Excepté celle de mourir.
Joyce Mansour
Ó Deus
lasso e do avesso
Tende piedade de mim
Com tuas imensas
mãos
Nas chagas
do meu corpo
Teu punhal
de carne
Atravessando
a origem
e o desvio
do Uno
Ó Deus
Grandioso e cruel
Tende piedade de nós
Com os teus olhares
abismosos
de carvão
Teus ouvidos -
radares da raça
Que apodrece
a campo.
Ó meu Deus
tão justo
Alça de tripa e metal
Coberto
de teus balbucios
TODA DOR
e cruz
Que nos tortura
a Todos.
Deus,
alçapão
e negror
de nossa Morte,
Dai-nos a Paz.
Assinar:
Postagens (Atom)