domingo, 21 de janeiro de 2007
Anna Akhmátova (Caderno Russo III)
RÉQUIEM: UM CICLO DE POEMAS
(1935-1940)
RÉQUIEM
Não, não foi sob um céu estrangeiro,
nem ao abrigo de asas estrangeiras –
eu estava bem no meio de meu povo,
lá onde o meu povo infelizmente estava.
PRÓLOGO
Houve um tempo em que só sorriam
os mortos, felizes em seu repouso.
E como um apêndice supérfluo, balançava
Leningrado, pendurada às suas prisões.
E quando, enlouquecidos pelo sofrimento,
os regimentos de condenados iam embora,
para eles as locomotivas cantavam
sua aguda canção de despedida.
As estrelas da morte pairavam sobe nós
e a Rússia inocente torcia-se de dor
sob as botas ensangüentadas
e os pneus das Marias Pretas.
EPÍLOGO
Aprendi como os rostos se desfazem,
como o pavor dardeja sob as pálpebras,
como a dor sulca a tabuinha do rosto
como seus rugosos caracteres cuneiformes,
como os cachos negros ou cinzentos
de um dia para o outro se prateiam,
como em lábios submissos o sorriso fenece
e, com um risinho seco, como se treme de medo.
E não é só por mim que rezo,
mas por todas as que estiveram lá comigo,
no frio selvagem, no tórrido mês de julho,
em frente à muralha rubra e cega.
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2 comentários:
O verso da Marina T. "Teu nome – pedra de gelo na fala" parece irmão do "deus, uma pedra de gelo ancorada no riso", da H. Hilst.
Falo de longe - para os abismos da geografia - falo de perto: Manaus, Amazonas, para quem gosta de encontrar um espaço, ilha, mochila, fogueira, alguma coisa que dê aconchego, que guarde calor e que tenha sopro de novidade, mesmo ancorado no passado: seu blog. Achei o máximo. Também gosto dos nomes, citações, metáforas e o necessário inconformismo. Valeu procurar no google algumas árvores e encontrar folhas soltas de várias estações. Sou publicitária e faço uma coluna no www.oestadodoamazonas.com.br pena que não vivo de escrever o que mais gosto. E parabéns pelo blog
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