NOTURNO
Depois que os rádios param
e a boca dos homens se cala,
a noite canta, marulho de mar,
a escura música.
Dobrados os braços podres,
os brutos de aço dormem,
monstros amorfos da urbe.
O tempo se liberta
do relógio
e inunda o mundo.
Um denso vinho de silêncio
se espraia, fundo, pelas praias
da noite
sem margens.
(Fernando Mendes Vianna, Proclamação do Barro, 1957 - 1964)
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