domingo, 4 de setembro de 2011
Boris Pasternak (caderno russo V)
DEFINIÇÃO de POESIA
Um risco maduro de assobio.
O trincar do gelo comprimido.
A noite, a folha sob o granizo.
Rouxinóis num dueto-desafio.
Um doce ervilhal abandonado.
A dor do universo numa fava.
Fígaro: das estantes e flautas -
Geada no canteiro, tombado.
Tudo o que para a noite releva
Nas funduras da casa de banho,
Trazer para o jardim uma estrela
Nas palmas úmidas, tiritando.
Mormaço: como pranchas na água,
Mais raso. Céu de bétulas, turvo.
Se dirá que as estrelas gargalham,
E no entanto o universo está surdo.
(Boris Pasternak - 1917 - tradução de Haroldo de Campos)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário