quinta-feira, 15 de junho de 2006

Poemas do Livro CAVALOS do INFERNO



O QUARTO REVISITADO
(crime)

Puríssima neblina. Viagem de asas. Parque aberto da carne onde se divertem sulcos. Incensos e licores fortes. Os hospícios lentos da mente. Brancuras, cortinas esvoaçantes dos dentes. As águas que se afundam em rastros estranhos. As voragens, o porto, ancoradouro de vertigens. Nos dedos onde sinfonias despertam. O escaler perdido nos cabelos avermelhados. Um riso, quase rugido que se espraia. Azuis espirais em rubis quase mortos. A estrada dos lençóis em fogo, fulminam as pupilas em danças solertes. Ai, e este hálito horrível da alma funesta, estas esmolas que latejam no fêmur e aves que riscam o chão de faíscas. Estas serras ao longe, que o frio embosca como cálice de cristal, bêbedo de orvalhos e cristas arrojadas em cânhamos.
Pacto. Sangue. Esgotamento.



O NOME ESQUECIDO
(a exemplo do Diabo)

Esforços que a cegueira agonizou. E vocês sabiam. Quando este bólido correu nos assombros, e deixou suas lentas rajadas nos oráculos. Mas não questionaram suas próprias chamas rosadas, suas faces sem feições, nem seus caminhos onde os pombos farejam.
Esqueceram este toque que acalmou a tormenta, esta boca que pousou nos mercúrios, estas fosforescências que a sombra multiplicou de cravos negros, e que perfumou o sexo das manhãs. Sob inúmeras profecias e músculos extenuados estalaram as romãs, e apanharam as estrelas como quem cospe um trapeiro. E com ele devorou os sentidos que as asas desvelam. E súbito o suor das estátuas, o clangor dos metais e a alegria dos dementes. E vocês sabiam. A cor que inundou os vales e o eco que os dizimou sorrindo.

Anderson Dantas

Pégasus, Movimento Poético Contemporâneo






PÉGASUS, Movimento Poético Contemporâneo, trata-se de um Grupo Literário Independente que reúne jovens escritores apreciadores principalmente de Poesia. Surgiu em 1991 não organizado formalmente, mas logo em 1993 registra seus estatutos legais.
Seus membros intercambiam de forma crítica e construtiva suas criações poéticas, discutindo autores como Baudelaire, Artaud, Garcia Lorca, Eliot entre muitos outros.
Para o PÉGASUS, a Literatura é uma manifestação fundamental da existência humana, pelo que tem de testemunhal a nível ontológico, consciente ou inconscientemente expresso, através dos recursos imagéticos e metafóricos de cada Poeta.
É deste modo, a ARTE POÉTICA um canal profundo de desvelamento das tensões, angústias e desejos humanos mais significativos e íntimos, ao mesmo tempo que discute em sentido amplo o processo civilizatório, ou seja, constitui um meio de expressão da Cultura.
Desvelar o Ser, trazer-lhe a ALMA, via linguagem, recriando e elaborando o seu íntimo-em-si e o seu íntimo-no-mundo, buscar alternativas libertárias e sentidos mais sutis para o homem, constitui para o PÉGASUS o objetivo principal da vivência poética que se pretende. A linguagem não é para nós o alvo, um fim em si, senão o meio de presentificação das questões humanas fundamentais como o Amor, o Desejo, a Queda, a Solidão, a Mulher, a Paixão, o Mal, o Vazio, a Esperança.

O PÉGASUS teve, portanto, a iniciativa de realizar eventos multiculturais, como Artes Plásticas, Escultura, Teatro, Música Clássica, e, principalmente desenvolver leituras e declamações de Poesia em atividades abertas, na década de 1990.
Atualmente, o Movimento está sem nenhuma atividade programada, aguardando novas oportunidades e anseios criativos com parceiros que queiram divulgar e intercambiar a Poesia e a Arte.

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