sábado, 25 de agosto de 2012

HISPANISMOS: Juan Larrea


















O MAR EM PESSOA



Eis aqui o mar erguido em um abrir e fechar de olhos
                                               [ de pastor.
Eis aqui o mar sem sonho com um grande medo de
                                               [ trevos em flor.
E em postura de terra submissa ao parecer
vão com suas lãs de evidência, sua nuvem e seu labor.
Sob a sombra de um olmo nunca há tempo a perder.

Crédula, esquisita, a escuridão sai ao meu encontro.
Meu semblante abriga a casa do pão que trago dentro
Cortado a golpe sobre um pássaro inseguro.
E assim me afasto sob a ação do piano
que me costura nas plantas precursoras do mar.
Um cervo do outono começa a lamber a lua da tua
                                                                  [ mão.
E agora à minha volta o mundo começa a se desnudar
Para morrer de árvores ao fundo dos meus olhos.

Meus cabelos se enchem de peixes de penumbra
e de esqueletos de navios forçados

Sem ir mais longe,
tu és fria como o machado que abate o silêncio
na luta entre a paisagem e seu golpe de vista.

Mas quando o céu exporta seus célebres pianistas
e a chuva o odor da minha pessoa,
como teu formoso coração se atraiçoa.




(Juan Larrea, tradução de C. Ronald)

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