quinta-feira, 24 de julho de 2014

DAS MULHERES














                    noiva




despida inteira

em luto e gozo
de espadas

que se entrecruzam.

tardias
são as tardes

metades -
laranjas

numa cor de lamentos.

Não soubemos

em quais águas
revoltosas

foram-se

para as agonias
dos outonos.

Fingimos

que descem
essas escadarias

vestindo o branco
dos lírios

pássaros mortos

em dentes de abandono.







mãe




geme baixo
em sua

Torre de sombras

geme alto
em seu

Carrossel de ossos

carne
de sua carne

nutre
com leite & sangue

esta fome
com face
de espanto

esgar de chumbo
e silêncio.

ganindo

despedaçada de abismos
em seus espelhos

dulçorosos.
  






E, por fim




E,
por fim

já tão tarde

e escuro

já-sem-nome

ruge e chora

onde não há
mais
espaço

nem Tempo.

Juraram
os animais

encurralados

que foram
suaves

as mãos
na lisura

de uns céus

marchetados
pela glória
de um deus-louco.

Nada, diziam.

- Mais nada!

E, por fim

um outro cais esquecido.


(Anderson Dantas, Ilha, 16/05/2014
Foto: auto-retrato)

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