sábado, 10 de julho de 2010

AGORA TEMPO DE AMOR PARA KADOSH

















Tríplice Acrobata, agora virá um tempo de amor para Kadosh, um vívido tempo para compensar o meu de antes desviado, singradura agora para compensar outro tempo onde o casco só caminhava por caminho ardoso, onde Kadosh sedento procurava tua cara, procurava em tudo, até na corcova do que ia à frente, na sombra do capim-secura que ficava atrás, e até nas carnes onde Kadosh montava, carne de amiga, de inimiga, de muitas mal queridas, e até na pequena noz, núcula feito goma, nucela escondida de mulher, até aí te procurava porque nunca se sabe do gosto embuçado do divino,

Eu Shiva-Kadosh, a linha da cabeça imensa sumindo no dorso da mão, a ossatura perfeita, a apreciável clareza das perguntas, e a raça!aroma-amora, baba-doçura no sangue de outras raças, tudo isso te dei, e enquanto me ofertava ouvia dizer que muito longe de mim, um, de deficiente biografia, levitava sobre as cumeadas.Basta. Tempo de amor, o meu, agora, Cão de Pedra. Que eu viva carne e grandeza.E principalmente isso: que eu Te esqueça. Mais Nada.


(Hilda Hilst, in Kadosh)

Total de visualizações de página