sábado, 14 de junho de 2008

O objeto-fetiche




Em vez de auditivo ou cinestésico, o suporte de trabalho pode ser visual ou tátil. Neste caso, as possiblidades são infinitas.


Posso, por exemplo, começar com um objeto, natural ou artificial, que me represente ou "me interpele" e, depois, entrar em relação direta, visual, tátil ou verbal com este símbolo exterior de meu ser interior.


Posso falar com uma flor, um raminho, uma pedra, ou ainda com um ancinho ou uma terrina e expressar-lhe o que sinto ... e, depois, eventualmente, responder em seu lugar.


Joceline: - Escolhi esta velha roda de carrinho de mão que encontrei no galpão porque ela me lembrou imediatamente a liberdade, mas também a solidez ... Gosto de sua madeira marcada pelo tempo.


Terapeuta: - Você pode falar-lhe diretamente, em vez de falar dela para mim ou descrevê-la?


Joceline: - Eu gosto de você porque você teve uma vida bem cheia ... Você enfrentou obstáculos, sofreu, um dos seus raios está quebrado ... mas seu cubo central continua inteiro!... Sua madeira está apodrecendo ... e, no entanto, dá vida ao musgo ...


Terapeuta: - A roda poderia responder e falar?


Joceline - Sim! É verdade, já estou velha. Não sou mais rutilante como antes ... Mas esta pintura com que me cobriram em minha juventude não era eu verdadeiramente ... Me pintaram para atrair o jardineiro ... Mas isso não o impediu de me negligenciar! Ele acabou por me trocar por um carrinho mais moderno ... com um pneu oco, todo estufado de ar ... e se foi com ele ... (ela chora) ... Não importa! Segui meu caminho ... Ele me usou, mas não me amava verdadeiramente ... Agora sou livre ... Estou separada do corpo do carrinho, mas posso viajar sem parar" E, apesar da minha idade, ainda posso interessar as pessoas (ela chora de novo).



(Gestalt, Serge e Anne Ginger)

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