domingo, 10 de junho de 2007

Ivan (Angelo), o Terrível




Transparências:
Transparências:
Transparências:
Transparências:

vitral vivo
visões triplexas
a forma informa
o choc do choque

vitríolo no vértice
verso e anverso
a força deforma
o ai do pai

vertigem
o olho deságua
o bago do olho
a face desfaz-se

no ventre da filha
na coxa na concha
o fio desfia
o pã da pancada

vislumbres
no cocho das coxas
(o pai desespai)
a uva da vulva

vitral decúbito
reflexos de flechas
o peito desfeito
o oh do homem

vara a vidragem
na racha roxa
o fecho desfecho
o hi do hímen

viragem
debaixo do cóccix
a filha desfolha
a fila do falo

vértice vertigem
nas duas feridas
a fila desfila
a fala do falo

volta voltagem
no basso no braço
a mama desmama
o tim do tímpano

ventríloquo informe
e daí o complexo
o preso desprezo
o nome da mãe

vislumbres dos idos
de lasso cabaço
o torque retorce
o au do pau

nos vidros e vividos
na baça vidraça
o laço desenlace
o rito do grito




Ivan Angelo, in A Casa de Vidro

quinta-feira, 7 de junho de 2007

QUANDO LYA ESCREVIA








Se te pareço ausente, não creias:
hora a hora minha dor agarra-se aos teus braços,
hora a hora meu desejo revolve teus escombros,
e escorrem dos meus olhos mais promessas.
Não acredites nesse breve sono;
não dês valor maior ao meu silêncio;
e se leres recados numa folha branca,
não creias também: é preciso encostar
teus lábios nos meus lábios para ouvir.

Nem acredites se pensas que te falo:
palavras
são meu jeito mais secreto de calar.



Lya Luft, A Sentinela

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