domingo, 11 de novembro de 2007

PAUL ÉLUARD, Algumas das palavras (trechos)


Tristeza de ondas de pedra.


Lâminas apunhalam lâminas
Vidros quebram vidros
Lâmpadas apagam lâmpadas.

Tantos laços quebrados.

A flecha e a ferida
O olho e a luz
A ascensão e a cabeça.

Invisível no silêncio.


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Vi o meu melhor amigo
Abrir nas ruas da cidade
Em todas as ruas uma noite
O extenso túnel do seu desgosto
E oferecer a
Todas as mulheres
Uma rosa privilegiada
Uma rosa de orvalho
Igual à embriaguez de ter sede
Humildemente lhes pedia
Que aceitassem
Esse pequeno miosótis
Rosa resplandecente e ridícula
Na sua mão inteligente
Na sua mão em flor
O medo a opressão a miséria


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14.

Párias a morte a terra e a fealdade
Dos nossos inimigos tem a cor
Monótona da nossa noite
Havemos de vencer.


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Pour donner à la femme
Méditative et seule
La forme dês caresses
Qu´elle a rêvées


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Estou perfeitamente seguro agora que o Verão
Canta debaixo das portas frias
Sob armaduras opostas
Ardem no meu coração as estações
As estações dos homens os seus astros
Trêmulos de tão semelhantes serem

E o meu grito nu sobe um degrau
Da escadaria imensa da alegria

E esse fogo nu que me pesa
Torna a minha força suave e dura

Para a mais alta busca
Um grito de que o meu seja o eco.


(Paul Éluard, tradução de Antonio Ramos Rosa e Luísa Neto Jorge)


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

eu, monolito





sou-tenso

fincado, dura raíz.
e, como uma
fera,
reteso e estaco.

em pegada
estranha
sulco e terra

ágil e pesado
passo
e silêncio

não é pesar
não
me saber

pois
rito, grito
em nada explico

não
me saberás
nunca a contento

e muito menos
mão à petala

mas,
garra

mãos de pedra.
Anderson Dantas, Nov/07, Ilha.

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