terça-feira, 1 de janeiro de 2008

e.e. cummings: o mais vivo de todos nós





o ódio sopra uma bolha de desespero na
vastidão do sistema do mundo do universo e explode
- o medo enterra um amanhã sob o desgosto
e o ontem chega mais verde e jovem

o prazer e a dor são apenas aparências
(um a si se mostrando,a si se escondendo outro)
o único e verdadeiro valor da vida nenhum é
o amor faz a pequena diferença das coisas

e se aqui vier um homem para receber da senhora morte
o agora sem nunca e a primavera sem inverno?
ela tecerá esse espírito com os seus próprios dedos
e dar-lhe-á nada(se ele não cantar)

como há tanto mais do que o suficiente para nós os dois
querida. E se eu cantar tu és a minha voz,



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da mentira do não
ergue-se a verdade do sim
(apenas ela e quem
ilimitavelmente é)

fazendo os loucos compreender
(como um invernoso eu)que todos
os afazeres da mente não
se comparam a uma violeta



(e.e. cummings, tradução de Cecília Rego Pinheiro)





29


por que haverá de em cada de um parque

ânus se erguer alguma aspas estátua aspas para
provar que um herói é igual a qualquer basbaque
que teve medo de ousar responder “não?”

aspas cidadãos aspas poderiam em vez dis
so esquecer (errar é humano; perdoar,
divino)que se aspas o estado aspas diz
“mate” matar é um ato de amor cristão.

“Nada”, em 1944 D C

“pode se contrapor ao argumento da ne
cessidade militar” (generalíssimo e)
e o eco responde “não há defesa

contra a razão” (freud) – a gente paga a despesa
mas não abre a boca. A liberdade não é uma beleza?




(e.e. cummings, tradução de augusto de campos)

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