quarta-feira, 21 de junho de 2006

O OUTRO CADERNO






morro das pedras


pensando em Celan

havia no tempo

este sonho antigo

aqui a exumação perfeita

do mistério

da origem para a origem

neste paredão de águas

a onda se distende

como um negro gatilho

e a sombra se fecha

como um punho no ar

havia na boca

este gosto amargo

de papoulas & memórias

faca na garganta

a escuma e a escama se incendeiam

deixando o silêncio

só o silêncio

orquestra de areias

os peixes riem.

eu entro no mar chorando

Anderson Dantas

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