sexta-feira, 16 de junho de 2006

Poemas do Livro OPUS INFERNAL e a CANÇÃO BRANCA


OPUS SETE

Amanheço. azulecido. Saliva podre.
In-nascido Dragão. A língua bífida.
O veneno para o Desejo
A prenhez para o Crime
Nas penedias e cascas maternas mortas
Jorrar cascatas terrosas para o ventre
E o fruto negro-só expelido: - filho, besta
Tua Máscara Gesso nascida para a inação
De seiscentos dias vividos entre as cinzas
Outros tudos mais para o inútil e a guerra
inapagáveis. Arrastaremos nas coleiras
criaturos menores e mais inofensivos
que o Diabo. Mas com uma mordedura ETERNA.


OPUS DEZ


Amarguez céptica me envasilha a veia
Vaziez de TEMPO carcaça canora
suor e bolor das paredes. Ebriez.
Do que me assombra taciturno espectro
cardume do desgosto licor aceso
Fui-me. repúdio reclusão e cansaço
Sem música erudita. Cem violinos
de pranto. Beijo molhante. Mutez.
Fui a nave dos proscritos e desvalidos
natação soturna guelras de aço
Alongados dedos numa agudez de ossos
Nós. Dureza. Ao alcance dos velames
para o nunca. Chuva e pão dos mortos

Anderson Dantas

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