domingo, 22 de outubro de 2006

Mais dos BEATS (uivos, de repente)



ESTOU FAZENDO MINETE NUMA BELEZA de mulher; é verão, estamos num quarto de sobrado que-não-sei-onde-fica, mas é perto da rua de Bunker Hill do Corcel Branco Indo para o Leste, onde, na noite anterior, andamos procurando um lugar escondido e escuro para trepar, na sombra enluarada de uma casa que puxava a nossa cama aberta, ou veículo; mas, depois de começar, percebendo que não era tão escuro assim e lá dentro da casa das tristes e quase imperceptíveis janelas vermelhas talvez nos estivessem vendo (alusões a Pauline Cole e eu, rindo na macia escuridão oral) – não sou rico, nem pobre ou feliz em matéria de amores. Agora estamos num quarto, de dia, e ela está sentada num banquinho que lembra o de ferro vermelho de Irene; e eu, de joelhos, gemendo diante dela, que retesa o corpo para trás, em êxtase, enquanto chupo e fodo – de repente me dou conta que um grupo de homens aglomerados no telhado da casa vizinha pode enxergar tudo, mas eles fingem que nem estão olhando no momento (passada a paixão, terminada a cegueira) em que levanto os olhos: no quarto há grandes janelas duplas que dão para todo o telhado – além disso, do outro lado do beco, uma mulher ficou dando risadas toda a manhã – vagamente, durante o ato, cheguei a pensar que fosse porque tinha nos visto, mas não me importei – No entanto, agora, ela ri enquanto me viro com malícia para todos os lados, em busca de possíveis observadores suspeitos, ali no quarto da eternidade com minha beldade nua –

(Book of dreams, Jack Kerouac)

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PARA JACK KEROUAC

Há alguns anos atrás, eu sonhava com panquecas em um lugar onde não havia nem papel higiênico.
Eu me queixei disso a Jack Kerouac por escrito.
Em resposta recebi uma carta falando de uma nova receita para panquecas conhecida, por coincidência, como HUNGRY JACK.
Ele não estava zombando de mim porque acabo de ver na TV um comercial que anuncia justamente esta marca, HUNGRY JACK.
Gostaria de aproveitar a ocasião para louvar este homem por sua honestidade e grande capacidade de observação.

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VIDE


O buraco negro vazio
Onde mamãe fala do frio
E eu não rio

Meu corpo vibrava
Um elefante dormia
Levaram minha mala e disseram que eu não girava

O que é que há com o meu rabo
Em Paris, eu tinha um rabo sem igual
Quando judeu me achava um intelectual


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TEORIAS NOTURNAS


Teorias noturnas desaparecem em atos de adultério.
A luz do dia se infiltra e os malabaristas filipinos
[somem.
O amigo do dia substitui o bandido da noite.
Nenhum papel a desempenhar. Aqui atos de
[de bravura valem pouco.
Vendo o obelisco em plena luz do dia.
Nenhum punho pela janela.


(Carl Solomon, em De repente, acidentes)


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Estão sentados numa cama baixa, coberta de seda branca. A garota abre as calças dele com dedos delicados e puxa fora seu peru, que é pequeno e duro. Como uma pérola, uma gota de lubrificante brilha em sua ponta. Ela acaricia a cabeça gentilmente: - Tire as roupas, Johnny! – Ele se despe com movimentos rápidos e seguros e fica nu de frente para ela, com o pau pulsando. Ela faz um gesto para que ele se vire, e ele pirueta pelo quarto, parodiando uma modelo, com a mão na cintura. Ela tira a blusa. Os seios são altos e pequenos, com bicos eretos. Tira suas calcinhas. Os pêlos púbicos são negros e brilhantes. Ele se senta a seu lado e estende a mão em direção ao seio. Ela detém as mãos dele.
- Querido, eu quero rodear você – sussurra ela.
- Não. Agora não.
- Por favor, eu quero.
- Está bem. Vou lavar a bunda!
- Não, deixe que eu lavo!
- Oh, esqueça, não está suja.
- Está, sim. Vamos, Johnny, venha!
Ela o leva até o banheiro. – Tudo bem, abaixe-se. – Ele cai de joelhos e se inclina para a frente, com o queixo no tapete do banheiro. – Por Alá – diz ele. Olha para trás e sorri para ela. Ela lava o cu dele com sabonete e água quente, enfiando o dedo bem dentro.
- Dói?
- Nãããããããão.
- Vamos, meu bem. – Ela o guia até o quarto de dormir. Ele se deita na cama de costas e joga as pernas por cima da cabeça, apertando os cotovelos por trás dos joelhos. Ela se ajoelha e acaricia a base de suas coxas, as bolas, correndo o dedo pela fenda eterna. Afasta as nádegas, inclina-se e começa a lamber o ânus, movendo a cabeça em círculos lentos. Pressiona as bordas do cu, lambendo mais fundo e mais fundo. Ele fecha os olhos e grunhe. Ela lambe a fenda eterna. As bolas pequenas e tesas... uma grande pérola aparece na ponta de seu pau circuncidado. Sua boca se fecha sobre a cabeça. Ela chupa ritmadamente para cima e para baixo, parando na subida e movendo a cabeça em volta num círculo. A garota brinca gentilmente com as bolas dele e desliza o dedo médio dentro do seu cu. Quando desce chupando até a raiz do membro, ela belisca sua próstata zombeteiramente. E o jovem sorri e peida. Ela está chupando o pau dele freneticamente. O corpo do garoto começa a se contrair, dobra-se em direção ao queixo. E cada vez a contração é mais prolongada. – Uiiiiii! grita ele, com todos os músculos tensos e o corpo inteiro, se esforçando para descarregar-se através do pau. Ela engole o esperma, que lhe enche a boca em jatos grandes e quentes. Ele deixa os pés caírem sobre a cama. Arqueia as costas e boceja.


(William Burroughs, in The naked lunch, trecho do texto A festa anual de A. J.)

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