domingo, 15 de maio de 2011

BENJAMIN PÉRET e o Estranho Amor



















ESCUTA

Se me abrigasses como um besouro num armário
eriçado de campainhas-brancas coloridas pelos teus olhos
de virgens transatlânticas
segunda terça etc. não seriam nada mais do que uma mosca
sobre uma praça orlada de palácios em ruínas
donde sairia uma imensa vegetação de coral
e de xales bordados
onde se vê
árvores obliquamente abatidas
que vão se confundir com os bancos das pracinhas
onde eu dormia aguardando que chegasses
como uma floresta aguarda a passagem de um cometa
para ver claro
entre suas matas fechadas que gemem como uma
chaminé
chamando a acha de lenha que ela deseja desde que
começou a bocejar
como uma pedreira abandonada
e treparíamos como uma escada numa torre
para nos ver desaparecer
ao longe
como uma mesa levada pela inundação


(Benjamin Péret, Amor Sublime - tradução de Sérgio Lima e Pierre Clemens)

Um comentário:

Mar Becker disse...

E este... Bah, obrigada por partilhar!

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